sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ditatura cubana é aqui

Vergonha de ser brasileiro....

Manifestação cancela noite de autógrafos de Yoani em São Paulo

  • Blogueira cubana tentou responder perguntas por 30 minutos, mas sua fala foi interrompida diversas vezes

Manifestantes interrompem noite de autógrafos de blogueira cubana em São Paulo
Foto: PAULO WHITAKER / REUTERS
Manifestantes interrompem noite de autógrafos de blogueira cubana em São PauloPAULO WHITAKER / REUTERS
SÃO PAULO - A noite de autógrafos que a blogueira cubana Yoani Sanchéz faria no auditório da Livraria da Cultura no Conjunto Nacional, na região central de São Paulo, foi cancelada devido ao tumulto causado por manifestantes contrários a ela. A blogueira cubana tentou responder perguntas de um público de cerca de 300 pessoas no local por 30 minutos, mas sua fala foi interrompida diversas vezes por dezenas de pessoas que gritavam frases como “Sai fora blogueira imperialista, a América Latina vai ser toda comunista”, “Mercenária” e “Funcionária da CIA”.
A confusão começou antes mesmo do início do evento, nos corredores do prédio. Dezenas de manifestantes contrários à blogueira discutiram com pessoas que foram defendê-la com cartazes. Com cartazes com os dizeres “Viva Raul Castro” e “Cuba, 0% analfabetos’, os que foram protestar contra a blogueira pareciam estar em maior número e faziam mais barulho. Entre eles havia muitos jovens e alguns carregavam uma bandeira do PCB. Na internet, o Facebook do Movimento Paulista de Solidariedade à Cuba convocou para o protesto.
Em menor número, o grupo favorável a Yoani gritava “Fora Fidel” e chamava o líder cubano de carniceiro em cartazes. O policiamento foi reforçado no local.
Durante a palestra, a blogueira foi questionada pela organização sobre o que achava do protesto.
- Adoraria que quando Raúl Castro estivesse dando um discurso os cubanos pudessem se manifestar assim - disse. - As pessoas gritam quando não têm argumentos - complementou.
A dissidente disse que mesmo que acabe o bloqueio americano a Cuba isso não mudaria muita coisa no país. Para ela, os cubanos não vão às ruas protestar porque têm medo da violência da polícia e do sistema.
- Mudaria muito pouco. É difícil falar do futuro. Cuba é um país que tem poucos recursos para comprar fora. Não se muda o governo porque há o medo paralisante, de que um vizinho te delate. As pessoas pensam “não quero que aconteça comigo o mesmo que aconteceu com a Yoani”.
Ela criticou ainda a reforma migratória do governo cubano, dizendo que ela é insuficiente.
- Se você ler o decreto lei da reforma migratória verá que a entrada e a saída do país não é um direito e sim uma autorização que se dá.
A organização do evento pediu para que os interessados no autógrafo da cubana deixassem seus exemplares no local, para que ela assinasse posteriormente.


Leia mais sobre esse assunto em 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A maior dissidente cubana no Brasil

Uma voz corajosa , que escreve em seu blog as verdades da ilha-presídio, luta por um acesso de internet e vive sob o medo de desaparecer está no Brasil.
Voces acham que ela foi recebida com aplausos? Não! O consul de Cuba, junto com uma série de partidos de esquerda está organizando protestos e vaias por onde ela passa!


Yoani Sánchez é recebida em Salvador e Recife com protestos

  • Na Bahia, dissidente cubana foi chamada de 'colaboradora da CIA'
  • Em Pernambuco, ela respondeu aos ataques defendendo a diversidade da democracia
  • Brasil é seu ponto de partida para uma viagem a mais de 12 países em três meses

  • ``..Surpresa, após um dissidente tentar esfregar notas de dolar em seu rosto, ela disse ``Isso é democracia.Eu gostaria de viver em uma democracia assim``



Yoani Sanchez foi recebida em Recife pelo documentarista Dado Galvão, em meio a protestos
Foto: O Globo / Hans von Manteuffel


Yoani Sanchez foi recebida em Recife pelo documentarista Dado Galvão, em meio a protestos O Globo / Hans von Manteuffel
RECIFE e SALVADOR - Depois de mais de cinco anos e 20 tentativas frustradas de deixar Cuba, a blogueira e dissidente Yoani Sánchez conseguiu no domingo viajar ao exterior. Chegando ao Brasil na manhã desta segunda-feira, a cubana foi recebida por protestos de pró-castristas em Pernambuco e na Bahia. Em Salvador, seu segundo destino, a ativista teve que deixar o aeroporto por uma saída alternativa, após cerca de 20 manifestantes realizarem um ato no setor de desembarque do local. Eles levavam cartazes com os dizeres "Viva a Fidel" e gritavam frases como "Yoani, vendida aos yankees".

"Os minutos continuam seguindo muito intensos. Tudo é muito lindo! Tenho a sorte de estar rodeada de um bom número de amigos que estão me tratando como uma irmã", comentou em seu perfil @yoanisanchez. "Meus amigos brasileiros conversam comigo sobre seu país, de suas luzes e de suas sombras", acrescentou.Apesar das manifestações, a blogueira agradeceu em seu Twitter a acolhida de seus amigos brasileiros. Nas mensagens, ela disse que sentia-se tratada como se fosse uma irmã.
Mais cedo em Recife, no aeroporto dos Guararapes, o desembarque da blogueira também foi tumultuado. Cerca 30 ativistas do Forum de Entidades de Solidariedade a Cuba a receberam no saguão do local aos gritos de "Fora Yoani", e palavras acusando-a de ser uma agente a serviço dos Estados Unidos. Um dos manifestantes puxou o cabelo da blogueira e outros jogaram notas falsas de dólar, chamando-a de vendida.
Manifestantes abriram faixas que diziam "Segundo a Unicef, existem 146 milhões de crianças subnutridas no mundo, nenhuma delas cubana" e "Fora Yoani, agente do serviço dos EUA contra o povo cubano". Um ativista ainda tentou esfregar dólares em seu rosto. Surpresa e desconcertada, ela se limitou a dizer:
- Isto é a democracia. Eu gostaria que houvesse uma democracia assim em meu país.
Logo depois, Yoani foi recebida pelo grupo que financiou sua viagem ao nordeste. O cineasta Dado Galvão a presenteou com uma boneca de cerâmica simbolizando a força da mulher nordestina. De Recife a blogueira seguiu para Salvador e, depois, irá visitar Feira de Santana, onde participará da exibição do documentário “Conexão Cuba-Honduras”, de Galvão.
O Brasil é apenas o ponto de partida. Yoani, de 37 anos, deve percorrer mais de 12 países numa viagem de cerca de três meses. Ela escolheu uma saia azul e uma camisa branca para os voos e chegou ao aeroporto de Havana acompanhada do marido, o jornalista Reinaldo Escobar, e do filho Teo, de 14 anos. Até o último minuto, temendo ser parada pelos guardas de imigração, ela relatou todos os procedimentos, passo a passo, pelo Twitter. E postou fotos de sua mala, bem marcada pelo logotipo GY, Geração Y, o blog que a tornou famosa e enfureceu o regime castrista.
"Consegui passar pelo posto de controle de imigração. Agora só falta embarcar no avião e decolar :-)", escreveu no microblog.
A ativista, que pretende “denunciar com força os limites da reforma migratória para cubanos que vivem dentro e fora da ilha” e “narrar todos os direitos que faltam”, parecia incrédula.
“Meu nome não soou nos alto-falantes, não me levaram para uma sala para me despirem ou para me repreender. Tudo está saindo bem”, disse pelo Twitter, contando ainda que está levando para a turnê o livro “Un viejo viaje” (Uma velha viagem), de Manuel Pereira.
Seu último post de solo cubano ocorreu por volta das 13h (hora de Brasília):
“A angústia é um componente inerente a toda viagem a partir de Cuba. Creio que relaxarei um pouco quando o avião decolar!”, contou ela.
'Volta ao mundo em 80 dias'
Yoani viveu na Suíça entre 2002 e 2004 e, desde então, não conseguiu mais deixar Cuba, ainda que tenha sido laureada com vários prêmios internacionais pelo ativismo na área de direitos humanos. Cuidadosa, fez questão de deixar claro seu apoio a outros cubanos ainda impedidos de deixar o país.
A reforma migratória do presidente Raúl Castro determina que, desde o último 14 de janeiro, para sair do país basta apenas o passaporte em dia e o visto para o país de destino. Mas certas restrições foram mantidas - o regime ainda pode, por exemplo, negar o passaporte a qualquer um por razões de “interesse público”, “segurança nacional” e para profissionais considerados “vitais” para o país, que necessitam de permissão especial das autoridades.
Ativistas como Yoani e a líder das Damas de Branco, Berta Soler, conseguiram seus documentos. Ex-presos políticos libertados nos últimos anos, porém, tiveram seus passaportes negados.
Yoani assegurou que vai retornar.
- Isto será como a volta ao mundo em 80 dias - brincou a cubana, no aeroporto. - Não quero ficar mais porque não gosto de estar por muito tempo longe da minha família.
A viagem promete polêmicas já no Brasil. Segundo a revista “Veja”, o embaixador de Cuba em Brasília, Carlos Zamora Rodríguez, teria organizado uma reunião no dia 6 de fevereiro, com militantes de partidos de esquerda, para montar uma estratégia para denegrir a imagem de Yoani. Um funcionário da Secretaria Geral da Presidência teria, ainda, comparecido ao encontro. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pretende convocar os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), para prestar esclarecimentos sobre o caso no Senado. O governo prometeu investigar.


 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Santa Maria, em um take libertário



Burocracia ineficaz mata

Por Cláudio Gonçalves Couto
A tragédia da boate em Santa Maria alertou autoridades e empresários do ramo quanto à necessidade de maior atenção à segurança dos estabelecimentos. Em consequência disso, ocorreram blitze país afora, locais irregulares foram fechados e a Câmara dos Deputados montou comissão para formular uma legislação nacional sobre condições de segurança de casas noturnas e de espetáculos. Apenas em Manaus, 52 casas foram fechadas, mais da metade das existentes na cidade. No Rio de Janeiro, noticiava-se o fechamento de 11 estabelecimentos; em Maceió, outros 3. Em São Paulo, algumas casas suspenderam as atividades voluntariamente, com o declarado intento de ajustar suas condições para melhor atender ao público.
Em suma, alastrou-se pelo país uma onda de preocupação em relação a um problema que, a rigor, deveria merecer atenção corriqueira. O despertar para essa situação foi reconhecido pelo secretário de Cultura da cidade do Rio de Janeiro, Sérgio Sá Leitão, que tem sob sua jurisdição dez teatros, dos quais (pasmem) nove funcionando sem autorização, como noticiou "O Globo".
O tema da existência ou não de alvarás de funcionamento emergiu da tragédia gaúcha, já que a boate de Santa Maria estava com o seu vencido. Nisso, contudo, ela de forma alguma era peculiar. Só a cidade de São Paulo possui cerca de 600 estabelecimentos cujo alvará não foi expedido pela Prefeitura, como noticiou o Estadão. Tal situação gera insegurança para o público e inconformismo no empresariado do setor, que aguarda até quatro anos por um documento que, de acordo com a lei, deveria ser expedido em 30 dias.
Ineficácia de nossa burocracia causa perdas diversas
Decerto, diante de tal acúmulo de atrasos, torna-se impossível fechar os estabelecimentos que não dispõem de autorização - algo reconhecido pelo próprio prefeito, Fernando Haddad. Afinal, isso, além de economicamente desastroso, seria injusto, já que puniria empresários que não têm culpa pela lentidão da burocracia municipal. Aliás, mais do que injusto, um tal fechamento geraria situações kafkianas, já que muitos dos que não dispõem do documento apenas vivem tal situação por não se vergarem ao achaque de máfias instaladas na burocracia pública, como observado por Leonardo Sakamoto em seu blog.
Tendo isso em vista, uma medida anunciada pelo prefeito paulistano pode ser providencial, desde que implementada dando transparência aos dois lados do balcão. Após reunir-se com o empresariado do setor de restaurantes e casas de espetáculo, o prefeito anunciou que as datas de expedição dos alvarás de casas noturnas da capital paulista ficarão disponíveis na internet. A ideia será excelente se, além das informações relativas aos estabelecimentos, aparecerem aquelas relativas à parte da Prefeitura. Em que data foi dada entrada na documentação? Quanto tempo a prefeitura já levou na apreciação do pedido, sem que tenha ainda emitido o alvará? Até a emissão, quanto tempo levou?
A divulgação de dados como esses colocaria sob pressão não apenas os empresários da noite, mas a própria administração pública e, particularmente, os funcionários responsáveis pela expedição dos documentos. Poder-se-ia constatar, por exemplo, que um determinado estabelecimento obteve seu alvará em apenas 30 dias, enquanto outro já aguarda há 3 anos, apesar de ambos terem igualmente dado entrada em todos os documentos exigidos (um check list disso também poderia constar do site). O que explicaria a disparidade? Será que alguém tem amigos na máquina, ou cedeu ao achaque, enquanto o outro resistiu a ele, ou não é tão bem relacionado?
Investigações sobre casos como o de Santa Maria podem revelar que, ao longo do processo, uma autorização indevida de funcionamento (ou a demora para a expedição dela) pode ser a causa última de tragédias. Situações desse tipo tornam evidente que a corrupção, a prevaricação, a omissão ou a incompetência não prejudicam apenas os negócios, mas podem ser letais. Por isso, a transparência necessária não diz respeito apenas à situação dos regulados, mas também à conduta dos reguladores. Claro que se enfrentarão resistências de interesses entrincheirados, nada voltados ao atendimento do público, mas tal enfrentamento faz a diferença no sucesso dos governantes e em sua capacidade de inovar.
Há alguns anos, a Secretaria de Estado da Saúde paulista tentou implantar ponto eletrônico para médicos. Enfrentou forte reação e sabotagem: equipamentos de ponto danificados e acobertamento. Episódios recentes de esquemas de faltas de médicos que recebiam sem trabalhar geraram escândalos e permitiram um enrijecimento do controle sobre o comparecimento ao trabalho. O caso recente, do médico indiciado por omissão de socorro em decorrência ter faltado quando uma criança baleada precisou de seus serviços, mostra que certas situações - antes naturalizadas por setores do funcionalismo público) - já não encontram a mesma tolerância. Isto abriu espaço para que o prefeito Eduardo Paes anunciasse há poucos dias a implantação do ponto eletrônico na rede municipal de saúde.
Em todos esses casos, a informatização é uma ferramenta importante para aprimorar o controle, conferir transparência e subsidiar a ação de governantes, atores do sistema de justiça, a mídia e o público. Contudo, ela é apenas uma peça num sistema mais complexo de medidas, que requer mudanças legais e de postura de todos esses atores. Eventos dramáticos, como a morte da menina pela falta do médico, ou a catástrofe de Santa Maria, criam conjunturas críticas para as mudanças, mas isso requer celeridade dos governantes e perseverança da mídia na cobertura das providências. Sem isto, logo os episódios se tornam apenas dolorosas lembranças, sem capacidade de mobilizar apoios e vencer resistências.
A maior dessas resistências está na burocracia governamental, habitat propício à corrupção e à ineficiência, alimentando oportunismo e vencendo por cansaço o empreendedorismo e os sentimentos republicanos. Não raro, isso termina em tragédia. Está na hora da desburocratização e a eficácia da gestão ganharem centralidade na agenda dos governantes.
Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP e colunista convidado do "Valor". Maria Cristina Fernandes volta a escrever em meados de fevereiro
E-mail: claudio.couto@fgv.br


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