sexta-feira, 3 de abril de 2009

Chega de caridade publica com dinheiro privado



O Brasil é realmente um país pitoresco em produzir coisas inusitadas.
Ja dizia Roberto Campos, cuidado com tudo o que só existe no Brasil e não é jabuticaba.
O congresso nacional por exemplo, infestado como é por políticos populistas, não costuma perder oportunidades de fazer caridade com dinheiro privado.
As carteirinhas de meia entrada são um ótimo exemplo.Obviamente, trata-se de uma lei fajuta e cretina, feita para uns aproveitadores barulhentos( no caso os estudantes).
É um fato concreto que a meia entrada reduz o número de atividades culturais de um país.Isso porque bagunça todo o sistema de preços de um espetáculo.A matematica é simples: ao se trazer um artista para o Brasil, ao se construir um novo cinema ou teatro, ou ao se investir em qualquer outra atividade cultural sujeita a meia entrada, a conta dos empresários e artistas sempre terá que fechar.O U2 não reduzirá seu cachê porque o congresso brasileiro estabeleceu a meia entrada.Logo, a única solução lógica e possível para os organizadores do show do U2( e de qualquer outro show) é aumentar os preços dos demais ingressos já que uma parte dos ingressos é subsidiada por lei.Somando-se a isso a velho traço cultural de pouca honestidade presente no povo brasileiro de forma geral e no povo carioca em especial, os poucos coitados que não gozam deste privilégio abusivo e ainda não falsificaram suas carteiras acabam pagando, com efeito, o preço de duas entradas.Um casal nesta situação portanto paga quatro entradas ao invés de duas.
A medida correta e obvia seria simplesmente extinguir o instituto da meia entrada.Como vivemos na terra do populismo e da demagogia sei tão bem quanto voces que isso não acontecerá tão cedo e que continuaremos todos a falsificar nossas entradas até o fim de nossos dias.O Brasil é assim, o problema deve ser de quem não consegue se acostumar com isso.
E não venham me dizer que tudo se resolveria se a lei fosse cumprida e apenas os estudantes pudessem usar a meia entrada.Por que diabos um estudante tem mais direito de ir a shows ou ao cinema do que eu ou qualquer outra pessoa?Eu já não concordaria se tratassemos de um subsídio a bens essenciais e material escolar, menos ainda em se tratando de diversão.Se um estudante quer ir ao show do Iron Maiden, ele que pague a entrada inteira dele assim como eu paguei a minha.
O mesmo raciocínio vale para muitas outras distorções presentes na economia brasileira.O onibus-gratis dado a idosos e estudantes não é magico, pois mágica não existe, apenas ilusão.Obviamente, a caridade foi feita com o dinhiero dos empresários do setor.Eles ainda terão que arcar com os custos do combustível, da manutenção, do motorista, etc.Resultado: aqueles que não são idosos ou estudantes pagam passagem mais cara para que os aproveitadores possam andar de graça.
Poderíamos falar dos cômicos projetos de estacionamentos grátis em shoppings( estes costumam ser aprovados em anos de elições municipais e felizmente são sempre derrubados pelo judiciário).Estes ainda provocam mais um efeito perverso: tornam o horizonte de retorno dos investimentos no país mais incerto.Ora, se um empresário investe milhões em um empreendimento e alguem aprova uma lei dizendo que no próprio terreno dele ele não pode cobrar estacionamento isso faz com que o horizonte de retorno de seu investimento se altere.No longo prazo, quanto mais incerto é o ambiente de negócios de um país e quanto mais mudam suas ''regras do jogo'', o potencial de crescimento da economia deste país acaba sendo menor.Isso é uma consequencia bastante obvia: empresários investirão em locais mais seguros e previsíveis.
Recentemente uma lei municipal do rio chegou a obrigar os shopping centers a ter uma central médica que faria inveja a qualquer hospital público do estado.Ora, se a saúde pública vai mal por que não obrigar então a algum grupo de empresários menos bem representado em Brasília a resolver de graça este problema, não é mesmo?!
Enfim, cuidado com os atos de políticos de caridade com dinheiro alheio.Políticos não fazem a mínima idéia sobre como resolver qualquer problema.Eles são incompetentes, e por isso mesmo são políticos.Termino com a frase inesquecível de Paulo Francis: ''toda vez que ouço algum político falar sobre a solução de algum problema ja vou preparando meu talão de cheques''

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