segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Gabeira em nota de 2004 fala sobre tentativa de expulsão a Larry Rother

A decisão de cancelar o visto do correspondente do New York Times no Brasil foi um final melancólico para uma crise artificial criada pelo despreparo e provincianismo do governo brasileiro.

A reportagem sobre o uso do álcool pelo Presidente tinha uma série de fantasias, a mais importante dela considera que o Brasil inteiro estava preocupado com a quantidade de bebida que Lula consome. Não há nenhuma evidência de abuso de álcool, nehuma relação causal entre a bebida e frases infelizes do Presidente.

No entanto, o que poderia ser tratado com uma carta de esclarecimento tornou-se um atentado à liberdade de expressão. Os erros começaram também com a ajuda da oposição que se limitou a atacar a reportagem sem propor uma saída sóbria para responder ao texto.

Houve em alguns jornais notas do tipo "todos pela honra de Lula". Isso foi o primeiro grande erro, pois dá a impressão que o suposto abuso de álcool seja uma desonra. Nada disso propomos em nossa política de drogas, mas sim respeito e ajuda.

O segundo equívoco veio na nota de Luis Gushiken, secretário de comunicação do governo. Atribui o texto a uma maquinação do governo Bush, sem se dar conta que o New York Times é oposição, não está articulado para fazer reportagens sobre projetos sombrios do Presidente americano. Gushiken disse que Larry Rohter não conhecia o Brasil pois vivia no Rio de Janeiro. Em seguida, o líder do governo, Professor Luisinho, afirmou que ele é um desses caras que vivem em Ipanema, como se viver no bairro desqualificasse a pessoa.

Finalmente, veio a idéia da expulsão, algo de que não temos notícia na nossa recente história democrática. Como foi possível o governo cometer tantos erros, saltar de trapalhada em trapalhada até esse estágio de nos cobrir de vergonha no mundo democrático?

Esta nota é apenas para dizer que protesto. Devo prosseguir no assunto, ao longo do dia no Congresso e vou colocá-lo na pauta na audiência pública sobre o envio de forças de paz ao Haiti. Afinal, é uma reunião para debater política externa e hoje a política externa brasileira sofreu uma grande derrota com esta decisão de Lula.

A propósito, questionado por um jornalista americano sobre a reportagem do New York Times dei meu testemunho de quem viajou longo trecho com Lula de que jamais o vi abusando de bebida alcóolica, nunca vi sua performance política influenciada pela bebida.

No entanto, o que poderia ser uma reação tranquila acabou amplificando para o mundo, de forma assustadora nosso grande problema que, certamente, não se chama álcool mas sim despreparo da equipe dirigente. (F.G.)

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