segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pais livre??













As 3 fotos acima são respectivamente da reportagem escrita pelo jornalista americano Larry Rother, então colunista do New York Times radicado ha muitos anos no Brasil, do musico carioca Marcelo D2 e das modelos vitimas da perseguição do juiz Siro Darlan, que no dia anterior havia proibido todas as menores de idade de realizarem seu trabalho honestamente.

O que 3 histórias tão diferentes têm em comum?Pessoalmente não tenho nenhuma simpatia específica por nenhum dos 3 grupos de vítimas, mas é inegável que se trata de tres casos de perseguição e abuso estatal.

O rapper Marcelo D2 fazia seu trabalho em Brasilia.Era mais um dos inumeros shows da turnê de sua banda quando cientes de que o grupo faria um show naquela cidade, membros da policia federal, amparados por ordem judicial realizaram a prisão ''em flagrante'' dos músicos.Se voce não entendeu, isso quer dizer que ao invés de perseguir homicidas e estupradores, os policiais fizeram a façanha de retirar uma banda de música do palco, sem claro, com muitas cãmeras.

Pessoalmente, nunca gostei da musica do Planet Hemp.Mas quando alguem vai em cana por dizer o que pensa, por manifestar uma opinião, isso se torna meu problema, pois logo posso eu tambem a ir pro xadrez por manifestar alguma opinião.Isso portanto me diz respeito, sobretudo no pais em que nasci e no qual minha familia deverá morar para sempre.

Apesar de não usa-las, sou tambem contrário ao fato de que o uso de substâncias entorpecentes seja proibido por lei e que se gaste meu dinheiro para combate-las.
Em todo caso, o fato de ser ou não a favor da proibição da venda de entorpecentes esconde um problema ainda maior: ainda que por absurdo eu fosse a favor da proibição, nem eu nem ninguem teria o direito de prender quem simplesmente se manifestou com uma posição contrária.Contaram que a constituição de 88 garantia liberdade de expressão.Como diz a famosa musica do Planet Hemp..''é mentira...é mentira...''

A desculpa de que houve apologia não cola.Seria o primeiro caso na história de crime anunciado, divulgado e praticado publicamente com hora marcada.O que houve foi simples: gente que se incomodava com eles e discordava da mensagem deles tentou usar o estado para impedi-los de dizer o que eles acham que é o correto.Dito em palavras mais curtas: o estado, através do judiciário e da policia federal praticou censura.

Agora um problema: acabo de escrever essas linhas em meu blog.Será que a policia federal tambem virá atrás de mim por dizer o que penso? Quando uma coisa é liberdade de expressão e quando se transforma na tal ''apologia''? Fazer uma peça condenando proibição das drogas pode? Quantas músicas uma banda tem o direito de fazer sobre o tema? Isso é liberdade?

Sejamos sinceros: não ha meia liberdade.Ou as pessoas são livres para dizer o que pensam ou não o são.Eu prefiro viver em um lugar onde elas são.

No caso das modelos, o erro do sempre incoveniente e sempre desesperado por holofotes juiz Siro Darlan foi achar que o estado é pai de alguem.O proprio juiz na época afirmou : ''essas meninas se encantam com um sonho de cinderela, achando que ganharão rios de dinheiro e largam os estudos.Vão se dar muito mal..''

Nesse ponto até concordo com Darlan.De fato uma minoria daquelas meninas por ele proibida de trabalhar irá ''se dar bem'' nessa tentativa de carreira de modelo profissional.Aliás, em qualquer carreira é mesmo uma minoria que se dá bem.Com advogados, médicos, escritores e tudo o mais ocorre o mesmo.E em todos os casos, são os sonhos que nos movem.

Novamente porém, isso não importa.Elas estão trabalhando honestamente, e se vão se dar bem ou não é problema delas.Gastar meu dinheiro de contribuinte para impedir quem não está praticando nenhum crime é misto de autoritarismo, totalitarismo e paternalismo infantil.As modelos que se arrebentem, mas não tentem substituir as familias delas.Se cabe a alguem tentar convence-las a desistir da carreira é aos pais delas.E talvez elas não devessem ouvir nem a estes.

Se as modelos devem ou não ficar na escola, devem ou não arriscar e tentar o sucesso é problema delas, orientadas por seus pais e familiares.O estado não pode suplantar a instituição familiar e achar que sabe melhor que todos o que é certo para alguem.

Pequena pausa: não pode mas obviamente faz isso a torto e a direito, com classificação obrigatória( e não apenas indicativa) de filmes no cinema, com cerceamentos incriveis, como até mesmo limitações de que nomes podemos colocar em nossos filhos, ou pior, proibindo certos anuncios de serem exibidos durante o dia.Ora, se eu acho que meu filho deve ou não assistir comerciais de cigarro ou bebidas alcóolicas é problema de minha familia, e não do Estado.

O nome da ambição estatal de tutelar cada detalhe da vida dos individuos, inclusive em suas relações pessoais e familiares se chama totalitarismo.O embrião do PT e o estado brasileiro em geral é completamente banhado por esse sintoma.

No caso do jornalista Larry Rother a situação é ainda mais grave.Pouco importa se sua reportagem, denunciando o habito de ''bebedeira'' do presidente da republica é fundamentada ou não.A triste notícia é que o governo no dia seguinte reagiu com truculência cancelando o visto do jornalista e na prática o obrigando a deixar o país.Expulsar jornalistas por fazerem matérias contrárias ao governo é uma manifestação única e exclusivamente das ditaduras.Todos sabem que não gosto de Lula.Mas nunca neguei que segundo todas as evidências ele é um lider democraticamente eleito, e portanto, digamos, um lider legítimo.

Naquele momento seu governo se aproximou da aura do autoritarismo e da ilegitimidade.Naquele que foi sem duvida o seu pior momento, ele procurou amordaçar a imprensa( é verdade que o PT nunca foi lá muito democrático e aberto ao questionamento, mas uma coisa é não gostar, a outra coisa é usar o poder da maquina estatal para censura e beneficio proprio).

Aquele episódio triste levantou o véu do que se mostrou o pior defeito do PT: o uso do estado como instrumento particular.Depois disso caseiros inconvenientes foram perseguios, cargos loteados, jornalistas comprados, mas naquele momento a mascara caiu.O viés autoritário, contra o individualismo e dirigista que tanto nos atrasa deu as caras.Foi o começo da queda do castelo de cartas.

Como disse o megainvestidor George Soros em 2003: ''os mercados brasileiros estão se recuperando porque todos notaram que o PT apenas tinha um projeto muito forte de chegar e se manter no poder.Não tinha nenhum projeto para o que fazer quando chegasse lá''
Menos mal...menos mal....

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